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Uma das preocupações que pode ocorrer com pais de um recém-nascido, é sobre o fato do bebê sonolento ser indicativo de algum problema. Aquele RN que dorme muito entre as mamadas, que não costuma acordar quando está com fome e que dorme durante o dia quase todo.
Assim, este texto visa orientar o pediatra e oferecer informações confiáveis que possa repassar aos pais, desde o
pré-natal, quando estes estiverem preocupados com o nível de sono do bebê recém-nascido.
Veremos, portanto, as possíveis causas da sonolência em bebês, que tipo de bebê pode apresentar sonolência com maior intensidade, pilares que podem influenciar na regulação do
sono do bebê e fatores que devem ser observados para encaminhar a uma possível investigação mais profunda desse sono.
Fatores que deixam o bebê sonolento
Um dos motivos mais recorrentes na sonolência do bebê é o baixo fluxo na
amamentação que leva a uma
ingestão inadequada de leite. Significa dizer que o bebê não tem mamado muito bem e isso faz com ele durma mais para poupar energia.
Nos primeiros dias de vida, os pais do bebê podem achar que a criança está mamando o suficiente, mas é muito comum que ele não consiga realizar a
sucção do leite adequadamente,
por isso é importante acompanhar outros parâmetros como padrão de evacuação, diurese e ganho de peso.
A ocorrência de sonolência excessiva também é mais recorrente em bebês prematuros, pequenos para a idade gestacional (PIG), crianças que passaram por um parto difícil e com anestesia materna. É importante diferenciar que estamos falando aqui sobre bebês que estão ativos e reativos, casos diferentes disso devem ser prontamente investigados e avaliados .
Independente da causa, nos casos de "bebês sonolentos" precisamos ter uma atenção máxima e orientar os familiares em como abordar para garantir uma boa ingesta de leite.
Quando houver preocupação dos pais sobre o excesso de sono do bebê, o pediatra pode orientá-los quanto a três pilares de manejo
com a criança para que ela tenha um comportamento mais ativo.
Mamada
O principal pilar é o processo de amamentação. No geral, a sonolência pode ocorrer nos primeiros dias de vida pela dificuldade de sucção do leite e inexperiência da mãe no processo de amamentação.
O médico deve orientar a família, em especial a mãe, sobre como estimular uma mamada ativa, ou seja, para que o bebê não durma durante a alimentação e com isso consuma leite suficiente para ter boa energia.
Como a sonolência é muito associada à má qualidade da amamentação, deve-se também avaliar a produção láctea da mãe.
O primeiro passo é avaliar a mamada da criança, perceber se o bebê mama bem, suga bem o leite ou se a sucção é ineficiente. Com essa avaliação, deve-se orientar a mãe sobre sinais de sucção nutritiva, a pega e a posição do bebê.
Recomenda-se que o bebê fique sentado ou o mais próximo disso para que ele fique mais ativo e alerta. Além disso, a mãe pode também variar as posições.
Outra técnica para estimular uma sucção nutritiva que evita a sonolência na criança é realizar compressão na mama durante a amamentação. A técnica ajuda o leite a sair melhor e o bebê consegue se alimentar com mais qualidade.
Assim, o pediatra precisa ter
conhecimento para dar orientação adequada sobre como os pais devem atuar para que a sucção seja nutritiva e eficiente.
Estímulo dos sentidos
Outro pilar importante para deixar o bebê mais alerta e ativo também acontece durante a amamentação. Enquanto o bebê se alimenta, a mãe pode estimular os sentidos do bebê.
Tátil - deixar que as peles se toquem, para o bebê sentir a pele da mãe na sua e compreender aquela presença e interagir com ela;
Auditivo
- conversar ou cantar para o bebê durante a amamentação, também com o objetivo de atrair a atenção dele;
Olfativo e gustativo - pingar leite na boca do bebê para que ele entenda que esse é o momento da alimentação e que ele deve ficar acordado;
Visual
- amamentar em ambientes diferentes, com luzes ou músicas, sem, no entanto, ser música muito alta ou luz muito forte. Em demasia, podem distrair o bebê da amamentação.
Há ainda a
manobra labiríntica, uma técnica que deve ser feita em algum momento do dia, antes de iniciar a mamada. Consiste em segurar o bebê nos braços, de barriga pra cima e girar suavemente com ele. Isso ajuda o bebê a despertar também da sonolência e ter uma rotina mais ativa.
Rotinas e hábitos
Por fim, é importante orientar os pais também sobre algumas mudanças que precisam ser feitas na rotina com o bebê.
Observar, por exemplo, os sinais de fome que o bebê manifesta. Às vezes, os pais não sabem identificar e acabam deixando o bebê sem se alimentar por mais tempo, ou entendem que o choro é motivo de outra demanda e tentam distraí-lo ou ofertar bicos artificiais. Portanto, uma dica de mudança na rotina é
evitar o uso de chupeta ou mamadeira, por exemplo.
Outro ponto que pode colaborar para o estímulo do bebê é a troca de fraldas entre cada mamada ou até banho que deixam a criança mais alerta e ativa.
Com essas orientações, espera-se que a sonolência do bebê reduza entre 10 e 15 dias de vida.
E se o comportamento sonolento continuar?
Caso não haja melhora com a mudança de rotina e estímulo à uma amamentação ativa e sucção nutritiva, o pediatra deve considerar outros motivos médicos, sendo um alerta pediátrico.
A empatia, a conversa e a atenção aos pais nesse processo de cuidado com o bebê é fundamental para que se estabeleça uma relação de confiança. Se você busca atuar com mais empatia no seu consultório pediátrico, veja nosso
Infográfico sobre atendimento humanizado.

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