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*Este conteúdo foi revisado por David Nordon, nosso ortopedista pediátrico
A chegada de um bebê é sempre motivo de alegria, mas ao mesmo tempo de muita preocupação, principalmente quando os pais são novatos, não é mesmo? Um desses comportamentos é a posição viciosa do pescoço que pode ser sinal de um torcicolo congênito.
Assim, como muitas dúvidas surgem e o pediatra deve
estar preparado para saná-las, conheceremos neste artigo a definição do torcicolo congênito, as possíveis causas, como diagnosticar, os tratamentos e como orientar os pais a prevenir que a criança desenvolva este tipo de problema. Confira!
O que é Torcicolo Congênito?
O torcicolo congênito caracteriza-se pela contratura unilateral de um músculo do pescoço que leva a criança a ficar com a cabeça inclinada para o lado do músculo afetado. A incidência maior é no período pré-natal ou em lactentes. Isso significa que pode se desenvolver depois do nascimento do bebê.
O TC tem uma prevalência de até 16% de casos em recém-nascidos, o que dentro da pediatria é um dado alto que requer atenção do médico no diagnóstico correto e imediato, pois quanto mais cedo o tratamento é realizado, mais cedo o bebê se recupera.
Quanto à fisiopatologia da doença, existem algumas teorias. Uma delas defende que, ainda durante a gestação, o bebê sofre uma hemorragia localizada no pescoço que causa a contração ou encurtamento do músculo atingido, levando à inclinação da cabeça.
Como realizar o diagnóstico de TC?
Há níveis diferentes de torcicolo congênito. Desde casos em que a criança tem uma visível inclinação da cabeça, àqueles em que a inclinação não é permanente, com crianças movimentando o pescoço até certo ponto, mas que manifestam uma postura de preferência (ou viciosa). Esse comportamento pode ser indício de TC.
Assim, o diagnóstico de torcicolo congênito é feito por exame clínico em que o pediatra deve observar as limitações de movimento do pescoço do bebê. Alguns pacientes podem apresentar um nódulo do lado onde há a contratura que pode ser detectado a partir do décimo dia de vida.
A avaliação do movimento deve ser feita em rotações e inclinações, entendendo até que ponto a criança consegue movimentar naturalmente o pescoço.
Tratamento
Ao diagnosticar a ocorrência de TC no recém-nascido, o pediatra deve encaminhar para um ortopedista e/ou fisioterapeuta, especializados no atendimento de crianças para proceder com o tratamento adequado.
É importante que esse encaminhamento seja feito para evitar que os pais realizem por conta própria os movimentos e atividades para tratar o TC, o que pode agravar.
Só o fisioterapeuta pediátrico tem habilidade e conhecimento para realizar as atividades de alongamento e aquecimento para que o torcicolo congênito desapareça.
Assim, reiteramos que quanto mais cedo o diagnóstico for realizado e encaminhado para tratamento adequado, mais rápida será a recuperação.
Para se ter uma ideia, se descoberto aos 30 dias de vida do bebê, a recuperação pode acontecer em um mês e meio de tratamento. Já, se for descoberto aos seis meses de vida, a recuperação pode demorar de nove a doze meses.
Portanto, à medida que a criança cresce, o torcicolo fica mais difícil de tratar, podendo levar a casos cirúrgicos. A cirurgia, por sua vez, mesmo sendo possível, em casos extremos, não vai evitar outros problemas desenvolvidos pelo diagnóstico tardio.
Por exemplo, se só aos nove anos a criança foi diagnosticada com torcicolo congênito, significa que ela passou esse tempo todo desenvolvendo sua postura, seu equilíbrio e seu eixo de visão a partir dessa inclinação de cabeça.
Então, mesmo que a cirurgia corrija a contratura, a criança poderá voltar a ficar com a cabeça inclinada pelo hábito que já desenvolveu.
Uma vez que o diagnóstico é realizado e o tratamento fisioterapêutico é iniciado, haverá necessidade de uma complementação com cuidados domiciliares. Aqui, tanto fisioterapeuta quanto pediatra podem orientar os pais nesse processo. Eles devem ser encorajados a realizar os exercícios propostos pelo fisioterapeuta para ajudar na recuperação do bebê.
Prevenção
A orientação que o pediatra deve dar aos pais logo nos primeiros dias de vida do bebê é de ações que evitam o desenvolvimento do torcicolo congênito. Vamos às dicas:
Fazer tummy time uma hora por dia
Orientar os pais a fazer o tummy time de forma correta no bebê. Trata-se de um movimento que coloca o bebê de bruços por alguns minutos
É uma técnica que traz diversos benefícios para o desenvolvimento motor do bebê e o principal deles é o movimento do pescoço que vai fortalecendo aos poucos a musculatura da região.
Amamentação em mamas alternadas
O pediatra também deve orientar a mãe, em especial, sobre a importância de alternar as mamas durante a amamentação. Essa ação garante que o bebê não desenvolva uma postura viciosa de um lado do pescoço por se amamentar só de um lado.
Estímulos visuais no berço
Outro ponto importante na prevenção, é mudar o posicionamento dos móveis ou dos estímulos visuais que ficam no quarto do bebê. Se, por exemplo, só existir estímulo visual do lado direito, o bebê tende a ficar com a cabeça inclinada só para a direita enquanto está deitado.
Por isso, oriente os pais a trocar os pontos de atenção de lugar e até a mudar o berço de lugar para que o bebê não desenvolva uma postura viciosa que resulte em um torcicolo congênito.
Em resumo
Vimos que o torcicolo congênito é uma doença de relevante incidência em recém-nascidos e que pode ser facilmente tratada, sem a necessidade de intervenção cirúrgica, quando diagnosticada previamente.
Assim, o pediatra deve fazer um diagnóstico clínico preciso, mesmo que os pais não solicitem a observação postural.
Nas consultas de rotina, essa deve ser também uma preocupação do médico, uma vez que, como mencionado, o TC pode ter níveis diferentes e a criança pode ter apenas uma limitação de movimento e não uma inclinação de pescoço bem definida, porém isso já pode indicar um início de TC.
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