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Em um artigo de 2018 a
Academia Americana de Pediatria formaliza sua recomendação para a consulta com o pediatra ainda no pré-natal, no terceiro trimestre de gestação. A recomendação é feita para todas as famílias e há várias sugestões possíveis de moldes de consulta, incluindo a consulta presencial e até mesmo a teleorientação. Os objetivos principais são abordar assuntos referentes à chegada de um bebê e os seus primeiros dias de vida e iniciar o estabelecimento de vínculo entre a família e o pediatra da criança que está para nascer.
Quando realizar a consulta de pré-natal com o pediatra?
É de amplo conhecimento que o acompanhamento de gestantes ao longo de todo o período pré-natal é um dos principais fatores de proteção para a mortalidade infantil em todo o mundo.
A consulta com o pediatra ainda neste momento se torna também um fator de proteção em potencial, já porque estabelece uma relação de suporte e de confiança entre os pais e o pediatra. Além disso, fornece informação de qualidade para esta família, identificar precocemente fatores de risco psicossociais e outras condições de alto risco que podem requerer cuidados especiais no seguimento da criança que está para nascer.
Apesar disso, ainda é um prática muito pouco difundida e inacessível para a maioria da população, até mesmo em países desenvolvidos. Dados dos EUA mostram que em 2018 menos de 5% das gestantes de classe socioeconômicas mais baixas de regiões urbanas tinham acesso à consulta com o pediatra ainda no pré-natal.
O papel do pediatra e a família
O pediatra deve apresentar à família sua forma de trabalho, desde a periodicidade de consultas e política de retornos até os acordos de compromisso sobre o acesso ao celular e a disponibilidade do profissional.
Dito isso, é sempre mais estratégico abrir o diálogo com perguntas abertas para que a família conte sua história e declare suas principais dúvidas e angústias com relação a chegada do bebê. Dessa forma, as informações deverão direcionar toda a consulta.
Por meio do relato deles, o pediatra deve pesquisar quais são os costumes, valores e práticas relativas quanto à gestação, ao parto e à parentalidade. Parte disso é conhecer qual é a rede de apoio dessa família, levando em consideração os seus respectivos cronogramas de trabalho e expectativas em relação ao equilíbrio entre os cuidados da criança e a vida profissional de cada um.
É necessário também abordar os antecedentes patológicos mais relevantes dos pais e dos seus parentes de primeiro grau, os antecedentes obstétricos da mulher e o seguimento que já tem sido feito da gestação em questão.
Além disso, deve abordar os hábitos como alimentação e atividade física, e vícios como uso de álcool, tabaco e outras drogas por ambos e já neste momento expor a importância de um ambiente livre de qualquer uma dessas substâncias para um pleno desenvolvimento da criança.
Como se portar em uma consulta de pré-natal?
A conversa deve abordar assuntos referentes ao dia do parto e a parte pediátrica do plano de parto e os principais desafios dos primeiros cuidados com o bebê. A escolha do local de parto, a equipe de parto e a via de parto já devem ter sido discutidas com o obstetra que acompanha o pré-natal desta mulher, cabendo a nós, pediatras, tirar dúvidas e ter conhecimento do que já foi decidido até ali.
Sobre o bebê, é direito dos pais ter acesso à informação sobre todos os procedimentos que podem ou devem ocorrer com seu filho após o seu nascimento. São eles:
- Primeira Hora pós nascimento - Golden Hour ou Hora de Ouro;
- Procedimentos após nascimento: clampeamento do cordão umbilical, colírio Nitrato de Prata, vitamina K, vacina Hepatite B, vacina BCG, primeiro banho;
- Triagens: Cardiopatias congênitas críticas, avaliação do frênulo lingual, Emissões Otoacústicas, Reflexo do Olho Vermelho, Testes do Pezinho, Teste SCID e AGAMA, Teste da Bochechinha (genético);
- Segurança: cadeirinha de carro, sono seguro;
- Puerpério: baby blues;
- Amamentação: preparo das mamas está contraindicado, qual é a anatomia da mama da mulher, quais são suas expectativas e expor as possíveis dificuldades;
- Primeiros cuidados: enxoval, troca de fraldas, banho.
Todos esses assuntos deverão ter o recorte da família em questão, de forma individualizada e alinhada com as dúvidas e angústias dos pais, que já foram identificadas desde o início da consulta e que precisarão ser ao menos acolhidas e abordadas neste encontro.
Os assuntos são diversos e o tempo pode ficar curto a depender da realidade de atendimento ambulatorial de cada pediatra, portanto há recomendações de oferta de outras fontes de informação complementando a consulta para facilitar o acesso dos pais a todas essas informações, como encartes informativos por exemplo.
Vale ressaltar, por fim, que a primeira consulta do recém nascido deve ser logo após a alta da maternidade, preferencialmente ainda na primeira semana de vida do mesmo. Os assuntos sobre os primeiros cuidados, amamentação e puerpério serão revisitados nas consultas pós-natais, a partir da vivência das famílias e das questões que forem surgindo no contexto de cada uma delas.

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