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A consulta de pré-natal com o pediatra
15 de dezembro de 2020
A consulta de pré-natal com o pediatra

Autor:

Amanda Monteiro

Em um artigo de 2018 a Academia Americana de Pediatria formaliza sua recomendação para a consulta com o pediatra ainda no pré-natal, no terceiro trimestre de gestação. A recomendação é feita para todas as famílias e há várias sugestões possíveis de moldes de consulta, incluindo a consulta presencial e até mesmo a teleorientação. Os objetivos principais são abordar assuntos referentes à chegada de um bebê e os seus primeiros dias de vida e iniciar o estabelecimento de vínculo entre a família e o pediatra da criança que está para nascer.

Quando realizar a consulta de pré-natal com o pediatra?


É de amplo conhecimento que o acompanhamento de gestantes ao longo de todo o período pré-natal é um dos principais fatores de proteção para a mortalidade infantil em todo o mundo.


A consulta com o pediatra ainda neste momento se torna também um fator de proteção em potencial, já porque estabelece uma relação de suporte e de confiança entre os pais e o pediatra. Além disso, fornece informação de qualidade para esta família, identificar precocemente fatores de risco psicossociais e outras condições de alto risco que podem requerer cuidados especiais no seguimento da criança que está para nascer.


Apesar disso, ainda é um prática muito pouco difundida e inacessível para a maioria da população, até mesmo em países desenvolvidos. Dados dos EUA mostram que em 2018 menos de 5% das gestantes de classe socioeconômicas mais baixas de regiões urbanas tinham acesso à consulta com o pediatra ainda no pré-natal.


O papel do pediatra e a família


O pediatra deve apresentar à família sua forma de trabalho, desde a periodicidade de consultas e política de retornos até os acordos de compromisso sobre o acesso ao celular e a disponibilidade do profissional.


Dito isso, é sempre mais estratégico abrir o diálogo com perguntas abertas para que a família conte sua história e declare suas principais dúvidas e angústias com relação a chegada do bebê. Dessa forma, as informações deverão direcionar toda a consulta.


Por meio do relato deles, o pediatra deve pesquisar quais são os costumes, valores e práticas relativas quanto à gestação, ao parto e à parentalidade. Parte disso é conhecer qual é a rede de apoio dessa família, levando em consideração os seus respectivos cronogramas de trabalho e expectativas em relação ao equilíbrio entre os cuidados da criança e a vida profissional de cada um.


É necessário também abordar os antecedentes patológicos mais relevantes dos pais e dos seus parentes de primeiro grau, os antecedentes obstétricos da mulher e o seguimento que já tem sido feito da gestação em questão.


Além disso, deve abordar os hábitos como alimentação e atividade física, e vícios como uso de álcool, tabaco e outras drogas por ambos e já neste momento expor a importância de um ambiente livre de qualquer uma dessas substâncias para um pleno desenvolvimento da criança.


Como se portar em uma consulta de pré-natal?


A conversa deve abordar assuntos referentes ao dia do parto e a parte pediátrica do plano de parto e os principais desafios dos primeiros cuidados com o bebê. A escolha do local de parto, a equipe de parto e a via de parto já devem ter sido discutidas com o obstetra que acompanha o pré-natal desta mulher, cabendo a nós, pediatras, tirar dúvidas e ter conhecimento do que já foi decidido até ali.


Sobre o bebê, é direito dos pais ter acesso à informação sobre todos os procedimentos que podem ou devem ocorrer com seu filho após o seu nascimento. São eles:



  • Primeira Hora pós nascimento - Golden Hour ou Hora de Ouro;
  • Procedimentos após nascimento: clampeamento do cordão umbilical, colírio Nitrato de Prata, vitamina K, vacina Hepatite B, vacina BCG, primeiro banho;
  • Triagens: Cardiopatias congênitas críticas, avaliação do frênulo lingual, Emissões Otoacústicas, Reflexo do Olho Vermelho, Testes do Pezinho, Teste SCID e AGAMA, Teste da Bochechinha (genético);
  • Segurança: cadeirinha de carro, sono seguro;
  • Puerpério: baby blues;
  • Amamentação: preparo das mamas está contraindicado, qual é a anatomia da mama da mulher, quais são suas expectativas e expor as possíveis dificuldades;
  • Primeiros cuidados: enxoval, troca de fraldas, banho.


Todos esses assuntos deverão ter o recorte da família em questão, de forma individualizada e alinhada com as dúvidas e angústias dos pais, que já foram identificadas desde o início da consulta e que precisarão ser ao menos acolhidas e abordadas neste encontro.


Os assuntos são diversos e o tempo pode ficar curto a depender da realidade de atendimento ambulatorial de cada pediatra, portanto há recomendações de oferta de outras fontes de informação complementando a consulta para facilitar o acesso dos pais a todas essas informações, como encartes informativos por exemplo.


Vale ressaltar, por fim, que a primeira consulta do recém nascido deve ser logo após a alta da maternidade, preferencialmente ainda na primeira semana de vida do mesmo. Os assuntos sobre os primeiros cuidados, amamentação e puerpério serão revisitados nas consultas pós-natais, a partir da vivência das famílias e das questões que forem surgindo no contexto de cada uma delas.


Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
Criptorquidia
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Informações para pediatras sobre a Criptorquidia em bebês. Entenda as opções de manejo, como diagnosticar e orientar pais e cuidadores.
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