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Antes mesmo do bebê nascer, muitas mães precisam lidar com um acúmulo de informações a respeito do aleitamento. Muitas dessas informações vêm de parentes e amigos que, no intuito de ajudar, acabam reforçando inverdades. Dessa forma, surgem os vários mitos da amamentação que você, pediatra, precisará abordar.
Nas clínicas, muitos profissionais precisam lidar com essa desmistificação das informações. Principalmente quando, ainda que não estando 100% erradas, elas não sejam válidas para toda mãe que ali é atendida.
Como sabemos, cada bebê possui suas especificidades e necessidades. Mas muitos mitos nascem a partir de uma determinada medida que deu certo para alguns e que não é indicada para todos. Diante disso, buscaremos solucionar seis perguntas frequentes que sempre reforçam os mitos da amamentação por aí. Confira!
6 mitos da amamentação
1- A mãe produz pouco leite?
Estatisticamente falando, não é tão comum ter mães que produzem - de fato - pouco leite. Embora exista sim a chance, o que acontece é que a produção de leite segue a lógica da “oferta e demanda”. Ou seja, quanto mais o bebê se alimentar do leite materno, mais leite a mãe irá produzir.
Existem algumas condições maternas que podem levar a uma baixa produção do leite:
- Doenças maternas (Ex: Diabetes, hipertensão arterial, cirurgia bariátrica, anemia, doenças auto imunes, entre outras.);
- Atraso na lactogênese II (Ex: Síndrome do ovário policístico, fragmentos retidos da placenta, hemorragia periparto, entre outras)
- Problemas hormonais;
- Hábitos maternos (tabagismo, álcool, uso de drogas, alguns medicamentos, fadiga, distúrbios emocionais);
- Hipoplasia mamária;
Assim, o indicado ao pediatra é que, caso a paciente relate baixa produção de leite, verificar os itens anteriores. Além disso, é possível validar se de fato a produção de leite está baixa analisando o bebê:
- Verificar o peso dele;
- Verificar o número de vezes que o bebê está fazendo cocô e xixi;
- Verificar se o bebê apresenta sintomas de desidratação;
- Verificar o estado comportamental do bebê (ex: se o bebê está muito irritado o tempo todo)
Dessa forma, embora a baixa produção de leite por causas maternas seja menos frequente, é importante estar preparado para lidar com aquelas que precisarão de um atendimento especial.
2- Existe uma forma correta para amamentar?
Sabemos que existe uma pega ideal para amamentar e que essa técnica influencia também no item anterior, um dos mitos da amamentação. Dessa forma, o primeiro passo para uma amamentação saudável é estar em um ambiente que seja confortável e acolhedor, o que contribuirá para uma boa produção de leite..
- Para o ato da amamentação o bebê precisa estar alinhado (cabeça e tronco na mesma direção)
- O bebê precisa estar bem apoiado, sendo sustentado enquanto mama
- Postura assimétrica do rosto do bebê, com o queixo tocando a mama e o nariz livre
- Os lábios precisam estar para fora, com a boca bem aberta;
- A boca do bebê precisa estar bem aberta, abocanhando a maior parte da aréola (principalmente a parte inferior), evitando que seja apenas o bico do peito.
É importante que você, pediatra, identifique falhas na técnica e saiba orientar modificações que auxiliem o par mãe-bebê, para prevenir ou atuar em problemas comuns na amamentação, tais como: :
- Fissura ou rachadura nos seios da mãe, quando a pega está inadequada
- Ingurgitamento, o chamado leite empedrado, caso o bebê não esteja extraindo adequadamente o leite
- Pouca produção de leite, caso a ordenha do leite não esteja efetiva
- Confusão de bico ou fluxo, caso mamadeira e a chupeta sejam introduzidos no período do aleitamento materno, principalmente no início.
3- Prótese mamária interfere na amamentação?
As próteses podem interferir em alguns aspectos na amamentação, principalmente caso tenha sido realizado utilizando-se da técnica periareolar ou transareolar. No entanto, apesar de ser um ponto de atenção e recomendado acompanhar de perto essas mulheres, muitas vezes elas não apresentam maiores dificuldades na amamentação devido à presença do silicone.
Além disso, outro mito que faz parte dessa mesma questão é a respeito do tamanho dos seios implicarem na quantidade de leite produzido: a produção de leite não está ligada ao tamanho do seio e sim ao estímulo hormonal adequado.
4- Mães com HIV podem amamentar?
Mulheres que contraíram o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) não devem amamentar, pois existe um alto risco do vírus ser transmitido para a criança por meio do leite materno.
Dessa forma, o indicado é que o pediatra oriente a melhor forma para garantir ao bebê o aporte nutricional necessário, não deixando de lado a atenção à formação do vínculo entre mãe e bebê
5- Mulheres têm leite fraco?
Em um outro artigo nosso, pontuamos dúvidas gerais que todo pediatra irá ouvir e explicamos que um dos maiores mitos da amamentação é a "síndrome do leite fraco".
Um dos vários motivos pelos quais muitas mulheres acreditam ter leite fraco é o fato de que, no início da amamentação, temos o colostro. O colostro por não se apresentar em grande quantidade e não levar à sensação de "peito cheio", pode gerar para a mulher a sensação de leite fraco.
De uma forma geral, não existe leite fraco e as causas para esse mito são diversas, devendo sempre ser conversado e entendido com cada família o porquê dessa sensação.
6- O bebê precisa mamar a cada três horas?
Dentre os mitos da amamentação com os quais muitas mães e pediatras precisam lidar está o de que o bebê deve mamar a cada três horas.
Estudos comprovam que a amamentação deve ser feita por livre demanda, ou seja, nos horários em que o bebê demonstrar sinais de fome. Dessa forma, é importante apresentar às mães os benefícios da livre demanda e os potenciais problemas de se estabelecer horários rígidos de mamada desde o início. Caso o bebê esteja ficando mais de três horas sem mamar, é importante considerar todo o contexto clínico, alguns citados no item 2, para avaliar a segurança do espaçamento entre as mamadas.
Mitos da amamentação: como se preparar?
Os exemplos que reunimos aqui são apenas alguns dos mitos da amamentação que todo clínico pediatra enfrenta diariamente em suas consultas. Assim, existem várias outras, principalmente no que diz respeito às próximas etapas do dia a dia do profissional de saúde.
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