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Orientações sobre relactação
4 de dezembro de 2020
Orientações sobre relactação

Autor:

Ananda Ise

O aleitamento materno é a melhor opção nutritiva para bebês no primeiro semestre de vida. O incentivo à amamentação cabe ao pediatra, para além do papel informativo, na forma da atenção e antecipação às possíveis dificuldades que serão enfrentadas pela família nesse momento. Sabemos que, quanto mais precocemente conseguirmos estabelecer a amamentação, menores as chances de um desmame precoce.


Quando algo impede o contato mãe - bebê ou a amamentação propriamente dita, nos primeiros momentos de vida, o desafio fica ainda maior. Conhecer  técnicas que possibilitem o resgate desse aleitamento ou sua manutenção, no caso de mães que não poderão amamentar exclusivamente, faz a diferença no seguimento dessa criança


Por muito tempo a relactação teve seu potencial subestimado. Acontecia muito mais como prática isolada de valor cultural em algumas comunidades e etnias, mas passou a ser estudada recentemente como estratégia para o estabelecimento tardio da amamentação, ganhando uma gama ampla de possibilidades de aplicação e tornou-se, portanto, foco de atenção dos profissionais da saúde.

O que é relactação?

A relactação refere-se, a rigor, a mulheres que já estiveram grávidas em algum momento da vida e querem voltar a produzir leite para alimentar um bebê, que pode ou não ser seu filho biológico. O termo indução da lactação abrange os casos de mulheres que nunca estiveram grávidas e têm o mesmo objetivo. Assim, a relactação refere-se a tornar a mulher capaz de produzir leite.


Essa definição, embora seja estruturalmente e formalmente utilizada nas publicações científicas, está um pouco ultrapassada. Mesmo os textos clássicos a respeito do assunto são bastante antigos. Hoje, podemos compreender as técnicas que existem sob o nome de relactação para além da indução da produção láctea.


Existem diversas situações clínicas em que elas podem ser empregadas para se manter a oferta de leite através do seio quando a complementação é inevitável (hipoplasia mamária ou bebês múltiplos, por exemplo). Nesses casos, ainda que não seja possível que o bebê receba leite materno exclusivamente, ele não precisa deixar de recebê-lo - o que carrega muitos benefícios a curto e longo prazo.


E o que é translactação?

Translactação é um termo por vezes usado como sinônimo de relactação, mas define, essencialmente, o método pelo qual se busca estimular a produção de leite.


Alguns autores entendem o termo translactação quando o leite ofertado pela técnica descrita é o leite materno propriamente dito e chamam de relactação quando oferta-se fórmula ou leite humano pasteurizado no lugar.


Qual a técnica?

A técnica pode ser realizada de diversas formas e existem produtos no mercado que se propõem a facilitar o processo. Pode-se usar uma sonda nasogástrica e um recipiente (que pode ser um copo, mamadeira ou seringa) ou pode-se optar pela compra de kits completos.


De qualquer maneira, é importante lavar os materiais após o uso e realizar a troca da sonda periodicamente, embora não haja evidência científica de uma frequência recomendada. Orienta-se observar a presença de sujidades visíveis no trajeto da sonda e testar sua perviedade passando água ou soro com uma seringa, por exemplo.


A técnica consiste em oferecer leite (materno ou fórmula) ao bebê enquanto ele suga o seio materno. Para isso, utiliza-se um dispositivo específico para esse fim ou uma sonda nasogástrica número 4, com a ponta aparada. Uma extremidade fica imersa num recipiente com leite e a outra fica próxima ao mamilo, podendo ou não ser fixada ao seio, com fita crepe ou esparadrapo.


A ponta que fica fixada no seio deve acompanhar a projeção do mamilo dentro da boca do bebê. Ajustes podem ser necessários, especialmente nas primeiras vezes.


Embora pareça complexo, esse procedimento todo se apóia e se justifica pela fisiologia:  a prolactina é o hormônio central na regulação da produção de leite. Ela estimula o crescimento dos alvéolos secretores no tecido glandular mamário e a produção de leite nesses alvéolos. Esse hormônio é estimulado pela sucção mamilar e inibido pelo represamento de leite nos seios.


Por isso, quando a estratégia visa o restabelecimento da amamentação, proporcionar momentos prazerosos do bebê mamando ao seio tem uma potência enorme. E por isso mesmo, quando indicada, é preciso que a técnica de amamentação em si (pega, posição etc) estejam bem estabelecidas.


Quando a relactação é aconselhada?

Infelizmente ainda não são raros os casos em que a prevenção e o cuidado de rotina falham ou são insuficientes, o que leva a uma interrupção ou manejo inadequado da amamentação nos estágios precoces.


Em outros casos, há aspectos diversos e mesmo da saúde do recém nascido ou da mãe que impossibilitam a amamentação exclusiva num determinado momento. São exemplos: prematuridade extrema, doenças que cursam com hipotonia, rejeição do seio materno por confusão de bicos, confusão de fluxo, baixo ganho de peso com indicação de complementação, baixa produção de leite pela mãe,  adoção, etc.


Em outros cenários ainda, embora haja desejo de amamentar e todo o investimento seja feito, por questões anatômicas e funcionais, o processo ocorre, mas não em volume suficiente para que seja a alimentação exclusiva.


Seja qual for a situação, se há desejo e disponibilidade de amamentar, a relactação pode ser apresentada como opção.. As famílias têm o direito de conhecê-la e entender seu potencial para que não sejam induzidos a desistir de algo que tem um valor tão singular.


O aleitamento ao seio materno pode significar um estreitamento de vínculo, embora, é claro, não seja condição para isso. Todo e qualquer momento de interação entre a mãe e o bebê são oportunidades para isso e deve-se sempre estimular as possibilidades de interação entre os dois.


A ideia aqui é muito mais ampliar a visão de que a amamentação continua sendo possível, a despeito de percalços, se for um desejo da família.


Existe um limite de idade para a relactação?

Não existe idade mínima nem máxima. Deve-se levar em conta a indicação, o objetivo do emprego da técnica e as expectativas familiares. Nesse sentido, prevalece a avaliação individualizada.


Existem situações em que a relactação não é aconselhável?

Levando em conta o efeito da técnica na fisiologia mamária, seu emprego não faz sentido nas situações de contraindicação absoluta à amamentação em si, como uma mãe vivendo com HIV, por exemplo.


Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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