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A Sociedade Brasileira de Pediatria lançou o guia Prático de Repelentes e outras medidas protetoras contra insetos na infância, como forma de prevenir e cuidar das crianças que são o público mais vulnerável a doenças causadas por insetos, como dengue e zika. No entanto, é muito comum que surjam dúvidas no momento da consulta, de informações que vão além das que estão no guia.
O documento foi atualizado em junho de 2020, e inclui, além de informações e indicações a respeito dos repelentes, também os inseticidas, sejam aqueles que em sua composição sejam produzidos à base de permetrina ou outros piretróides sintéticos.
Por isso, o objetivo deste artigo é tratar de todas essas informações e como elas estão presentes na rotina diária do pediatra, auxiliando-o. Confira:
Repelente para bebê ou inseticida?
Embora comumente relacionados pelos pais, o uso de repelentes e inseticidas requer indicações e uso específicos.
Os inseticidas, por exemplo, são muito eficazes em exterminar os insetos, principalmente aplicados em um ambiente fechado. No entanto, é fundamental que haja muito mais cuidado por parte dos pais. Se a ideia dos pais é deixar o quarto mais seguro, a aplicação do inseticida deve ser usada pelo menos 2 horas antes do sono e garantir que o lugar fique bastante arejado após aplicação.
Já os repelentes possuem seu uso e aplicações diferentes por produto, pois os compostos químicos em cada um deles devem ser levados em consideração na hora de escolhê-los. É importante lembrar aos pais e responsáveis que os repelentes, como o próprio nome já diz, apenas repele e não elimina os insetos.
Tipos de repelentes
DEET
A N,N-Dietil-m-toluamida ou simplesmente DEET é um dos produtos químicos mais antigos no mercado de inseticidas e isso ressalta a sua real utilidade e praticidade.
Mesmo com tantos anos de mercado, são raros os efeitos adversos e que na maioria dos casos estão muito mais ligados ao mau uso, como aplicações em excesso ou em peles irritadas do que realmente algum tipo de alergia.
Ele pode ser aplicado tanto na pele da criança, quanto também nas roupas. A segunda opção, no entanto, exige um pouco de cuidado extra, já que tecidos que não são lã, algodão ou nylon podem surgir manchas ou mesmo enfraquecê-lo.
A Sociedade Americana de Pediatria indica o uso do DEET a partir dos dois meses, com uma concentração máxima de 30%. Já a Canadense a concentração indicada é de 10% para crianças entre 6 meses e dois anos.
A Anvisa indica o uso de repelentes a partir dos 6 meses, mas existe no mercado, produtos liberados a partir dos 3 meses, que seguem as normas americanas, que possuem uma concentração menor.
Icaridina
Com uma proteção ampla contra insetos, incluindo uma forte eficácia contra o Aedes aegypti a Icaridina é uma solução muito útil quando falamos principalmente no Brasil.
Assim como o DEET, os efeitos adversos estão ligados ao uso excessivo ou inadequado. Além disso, as soluções são sem cheiro e mais difíceis de causarem irritação, o que a tem deixado com bastante destaque no mercado.
Aqui no Brasil, o uso indicado da icaridina é, geralmente, indicado para bebês acima dos três meses, mas o ideal é seguir as recomendações de cada produto.
Óleo de limão eucalipto
O óleo de limão eucalipto ou PMD também é muito eficaz mas com um grande porém: não é recomendado para crianças abaixo dos três anos.
Para a recomendação, é importante esclarecer aos pais também que o óleo de limão eucalipto é diferente do óleo de eucalipto, que não deve ser usado como repelente.
Óleos naturais
Outros tipos de produtos que surgem em uma consulta pediátrica é o uso dos óleos naturais, como citronela.
Embora eles possuam sim características naturais que funcionam como repelentes, é importante destacar que a maioria deles é muito volátil, o que torna o uso bastante limitado.
Aplicação de repelentes em crianças
De forma geral, os repelentes atuam formando uma camada de vapor que possui certo odor, afastando os insetos. A eficácia desse método, no entanto, pode variar de acordo com a concentração da substância ativa e outros fatores, que interferem no efeito do repelente de uma pessoa para outra.
Quando se trata de crianças , outras preocupações devem ser levadas em consideração: os repelentes devem ser fortemente recomendados quando a criança estiver em local com maior manifestação de insetos, como fazendas, praias, chácaras, porém, não devem ser aplicados durante o sono e deve-se ter bastante atenção nas orientações de uso e reaplicação pois o uso excessivo pode causar irritação na pele.
No caso da icaridina, por exemplo, que pode ser aplicada nas roupas, é uma boa solução para deixar o sono do bebê mais seguro.
Recomendações de aplicação do produto na pele
Orientar os pais ou responsáveis a não deixar que a própria criança aplique o produto em sua pele, pois elas poderão passar os olhos ou ingerir, levando a outros problemas. O ideal é que a pessoa adulta aplique na criança periodicamente de acordo com o tempo recomendado pelo fabricante.
A dica é que o responsável aplique na pele dele diretamente, espalhando o produto e depois espalhar na pele da criança.
Como os repelentes têm um efeito de até 4cm do local aplicado, não se aplica muito próximo da área dos olhos, boca ou nariz ou ainda próximo de machucados. A retirada do produto deve ser feita com banho e sabonete.
Evitar que a criança durma com o repelente no corpo para não extrapolar o período máximo de exposição e não causar irritações ou alergias. Outro cuidado que se deve ter é com a aplicação conjunta de repelentes e protetor solar. O Guia da Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de produtos "2 em 1", devido tempo de reaplicação e diminuição da eficácia quando juntos. O ideal é aplicar primeiro o protetor solar e após 20 a 40 minutos aplicar o repelente.
Os repelentes em sua versão cremosa são mais recomendados para aplicação em pele de crianças do que as versões em spray por garantir a área de cobertura e evitar acidentes de aplicação em locais não desejados.
Aumentando a proteção contra insetos
Para aumentar a proteção contra os insetos, o ideal é adaptar a realidade da criança às práticas utilizadas.
Ou seja, em locais onde há muita incidência de dengue, por exemplo, o ideal é sim optar pela icaridina, bem como as redes de proteção seja na cama ou no próprio carrinho de passear.
Além disso, vimos neste artigo, que os repelentes têm efeitos diferentes e por isso, seu uso com as crianças deve ser cauteloso, pois o resultado varia do tipo de princípio ativo contido no produto, bem como a concentração desse princípio e até a forma como ele se apresenta. Em caso de crianças que não possam usar os repelentes, o recomendado é sempre buscar recomendação médica que vai avaliar qual medida é mais adequada para a proteção.

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