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Dermatite de fraldas em bebês: como orientar e quando suspeitar de outras doenças
12 de fevereiro de 2021
Dermatite de fraldas em bebês: como orientar e quando suspeitar de outras doenças

Autor:

Ananda Ise

A dermatite de fralda em bebês pode ser identificada por outros nomes como eritema da fralda ou ainda dermite da fraldas. Todas as opções generalizam uma série de dermatoses inflamatórias que acometem a pele do bebê na parte coberta pela fralda: períneo, nádegas, abdômen inferior e coxas. Costuma ser uma das afecções mais comuns da primeira infância e chega a atingir de 25 a 65% das crianças nessa idade.


Esse tipo de dermatite ocorre porque o uso da fralda aumenta a temperatura e umidade na região do corpo da criança, havendo maceração que resulta na irritação da pele. Essa irritação não pode ser resumida em um só tipo de irritação.


São incluídas na dermatite de fraldas doenças causadas tanto pelo contato direto com o material (dermatite irritativa, dermatite de contato alérgica, dermatite exacerbada) como aquelas que ocorrem na área, mas não tem relação com o uso corrente da fralda (acrodermatite enteropática, histiocitose de células de Langerhans, granuloma glúteo infantil, dermatite estreptocócica perianal, impetigo bolhoso, escabiose,entre outras).


Desse modo, vários fatores influenciam, além da fralda em si, como veremos a seguir neste artigo que visa explicar o que é e em quais situações ocorre a dermatite de fraldas em bebês.


Fatores que causam a dermatite de fraldas


Como mencionado, nem sempre a irritação na pele do bebê tem relação direta com o uso de fralda. O aumento da temperatura e a hiperhidratação derivam do uso de fraldas, pois esta impede a circulação de ar adequada na região, mas veremos que outros fatores podem ocorrer independentes do uso de fralda.


Fraldas

São raros os casos em que o uso da fralda em si é o único motivador da dermatite irritativa na criança, mas sim o material do qual são feitas. Tanto que a melhoria do material que compõe a fralda reduz consideravelmente a ocorrência da irritação.


Fezes/Urina

O contato de fezes e urina em uma pele irritada pela fralda pode gerar um tipo de dermatite de fraldas. Se a criança permanecer muito tempo com uma fralda descartável contendo um desses itens, pode haver a produção de outras substâncias, como enzimas, derivadas da degradação dos dejetos e urina. As fezes, por exemplo, possuem quantidades altas de enzimas digestivas proteolíticas e lipolíticas que, quando em longo contato com a pele coberta pela fralda, causam alterações na barreira epidérmica.

Fricção

A fricção da pele com a fralda, bem como com outras partes do corpo (fricção pele-pele) pode desencadear uma predisposição ao desenvolvimento da dermatite de fralda em bebês, uma vez que a predominância da irritação se dá, principalmente em áreas que passam por pelo menos um desses tipos de fricção.


Hidratação

A hiperhidratação da área coberta pela fraldas pode ser ocasionada por outros fatores que não só a urina contida nela.  Ocorrência de febre e a ureia urinária também podem causar a dermatite.


O material das fraldas, como já mencionado, ajuda a reduzir o nível de umidade e também a manter mais arejado, porém não impedem que a exposição prolongada a hiperhidratação gere microorganismos.


Temperatura

A inflamação da pele também pode ser causada pela pouca circulação de ar e consequente aumento da temperatura no local da fralda, impedindo que a pele respire devidamente.


Irritantes químicos

O uso de óleos, desodorizantes e outros materiais podem também propiciar a ocorrência de dermatite na pele do bebê por desencadearem um efeito tóxico sobre a pele.


Diagnósticos diferenciais


Considerando os sintomas e as possíveis causas, podem ser diagnosticados diferentes tipos de dermatite de fraldas, sendo as mais comuns:



  • Dermatite de contato alérgica que pode ocorrer após contato da pele com substâncias alergênicas;
  • Dermatite com candida causada pela proliferação de C. albicans, que pode desencadear a irritação. além do aspecto irritativo da pele, este tipo de dermatite ainda apresenta a erupção de pústulas satélites eritematosas;
  • Dermatite seborreica que atinge principalmente as pregas do área coberta pela fralda e se caracterizada pela formação de placas eritematosas com aspecto de escama na região afetada; 
  • Dermatite atópica caracteriza-se pela ocorrência nas nádegas, tende a ser crônica e resistente ao tratamento. Manifesta escoriações, liquenificação e pruridos;

Dermatites raras

A partir do diagnóstico clínico ainda é possível detectar outros tipos de dermatite de fraldas em bebês que ocorrem com menos frequência e tem como causas outros fatores.


Psoríase

Rara em crianças, mas quando ocorre, geralmente começa pela área da fralda. Deve-se ao fenômeno de Koebner, ou seja, reprodução em área traumatizada da lesão. Em grande parte das ocorrências, não fica restrita só a região da fralda, portanto o diagnóstico clínico deve procurar a irritação em outras partes do corpo como cotovelos, joelhos, couro cabeludo e orelhas.


Acrodermatite enteropática

Doença rara de herança autossômica recessiva ou adquirida. O primeiro tipo ocorre pela deficiência de zinco no organismo. Geralmente ocorre durante o desmame, quando a criança passa a consumir outros tipos de leite que não o materno.


Esse tipo de dermatite começa com o surgimento de placas eritêmato-descamativas, eczematosas, na face, couro cabeludo e área da fralda, podendo ocorrer ainda em pregas inguinais e extremidades distais.


Estreptocócica perianal

Normalmente confundida com a dermatite irritativa primária, este tipo de dermatite caracteriza-se pela ocorrência de infecção superficial causada pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A.


Granuloma glúteo infantil

Não existem evidências que comprovem o surgimento dessa doença há presença de dermatite de fraldas, porém sua ocorrência na região acaba sendo associada. A granuloma caracteriza-se pelo surgimento de nódulos eritêmato-purpúricos nas superfícies convexas da pele.


Milária

Ocorre quando há bloqueio da secreção das glândulas sudoríparas écrinas, pela ocorrência de calor e hiper hidratação. Mais comum em recém-nascidos, a milária caracteriza-se pelo aparecimento de vesículas superficiais na pele.


Escabiose

Manifesta-se com o surgimento de pápulas, vesículas  ou ainda pústulas pruriginosas na área da fralda. No diagnóstico deve ser observado se tais lesões estão associadas a lesões de eczema, escoriações e crostas.



Como orientar pais a respeito da dermatite de fraldas em bebês?

A prevenção da dermatite de fraldas em bebês se dá com o cuidado frequente na região, seja no uso de produtos que não sejam alergênicos nem irritantes. Observar também a composição das fraldas é essencial, adotando aquelas que tenham melhor material - o pediatra pode recomendar.


Além disso, recomenda-se a higiene diária do local com limpeza com água morna e algodão, aplicação de pastas protetoras a cada troca de fraldas, entre outras medidas.


Como vimos, o diagnóstico da dermatite de fralda em bebês pode revelar causas diferentes da doença, inclusive sem relação alguma com o uso da fralda. Por isso, o diagnóstico preciso deve observar as características da irritação e buscar manifestações em outras partes do corpo.


Gostou desse conteúdo? Enriqueça ainda mais sua formação e leia o artigo sobre como elaborar uma Ficha de anamnese da consulta pré-natal


Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. 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