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A alergia à proteína do leite de vaca, APLV, é um tipo de doença que pode ter tanto reações imediatas como reações tardias. Para fazer o diagnóstico nos baseamos em três pontos principais: história clínica, recuperação clínica após dieta de eliminação de leite de vaca e posteriormente o teste de provocação oral (TPO), que deve ser realizado de 4 a 8 semanas depois da exclusão do leite de vaca da dieta.
O quadro de APLV pode muitas vezes ser similar ao quadro da Doença de Refluxo Gastroesofágico (DRGE), com choro intenso, recusa de mama, irritabilidade, déficit no ganho de peso, entre outros. Essa semelhança entre APLV e DRGE pode implicar em um diagnóstico equivocado do médico pediatra ao não observar outros fatores e não considerar a APLV como diagnóstico diferencial.
Em função disso, neste artigo vamos falar sobre as principais dúvidas que surgem sobre APLV no consultório e como o médico deve orientar a mãe no tratamento da criança com alergia ao leite de vaca.
APLV: A dieta de exclusão da mãe e criança
Após a suspeita diagnóstica, a primeira medida a ser tomada é suspender da dieta da mãe e da criança o consumo de qualquer tipo de alimento que contenha leite de vaca.
Para as crianças que estão em aleitamento materno exclusivo a orientação é apenas direcionada para a dieta materna. É importante reforçar ainda com a mãe que a
amamentação não precisa ser suspensa.
Para garantir o sucesso da exclusão, é necessário orientar a mãe em relação à leitura de rótulos, sobre quais termos analisar para descobrir se aquele produto tem algum componente com leite de vaca, normalmente no rótulo é indicado se contém ou não leite ou traços de leite.
Outra recomendação sugerida é que caso feche o diagnóstico, a mãe seja acompanhada por um nutricionista para manter uma alimentação equilibrada, principalmente um nível adequado de ingesta de cálcio diário, já que para muitas mulheres a fonte principal de cálcio vem de leite e derivados.
Caso a criança faça uso de fórmula, devemos orientar quais são as fórmulas recomendadas para esse tipo de quadro clínico, bem como realizar o preenchimento do formulário especial para a família ter acesso à fórmula pelo governo, já que são valores bem altos.
Pacientes com APLV: dúvidas comuns no consultório
As dúvidas sempre vão ocorrer e o médico deve estar ciente e preparado para atender e orientar adequadamente os pais de crianças com APLV. Por tratar-se de uma alergia que atinge de 2 a 3 por cento das crianças menores de 3 anos, pode ser facilmente confundida com intolerância à lactose, por exemplo.
Intolerância à lactose x alergia à proteína do leite de vaca
Essas duas patologias são bem distintas do ponto de vista fisiopatológico, porém para as famílias fica muito confuso entender essa diferença, sendo comum acharem que consumir produtos "sem lactose" seja efetivo para o tratamento dos quadros de APLV. É importante portanto explicar que a APLV e intolerância à lactose são coisas diferentes e reforçar as orientações quanto às medidas dietéticas.
Leite de cabra ou búfala podem estar na dieta?
O leite de outros mamíferos não deve ser recomendado durante a dieta de exclusão, uma vez que a proteína deles é muito semelhante à do leite de vaca e pode causar as mesmas reações na criança. Nesse contexto, a substituição por leite vegetal pela mãe seria a melhor opção nesse período de exclusão.
Qual o tratamento da APLV
A única medida comprovadamente eficaz é a retirada do leite de vaca na dieta da mãe e da criança, em um período médio de 6 a 12 meses, dependendo do quadro clínico e idade da criança.
De forma geral, a melhora acontece logo nos primeiros cinco dias quando se trata de IgE mediada. No caso das reações tardias, o quadro de melhora pode ser de duas a quatro semanas. Se nesse período, não houver melhora nos sintomas, a criança deve ser encaminhada para um pediatra gastroenterologista.
É preciso substituir os utensílios de cozinha para evitar contaminação cruzada?
O ideal é que no período de exclusão todos os riscos de contaminação cruzada sejam evitados. Neste caso, os cuidados devem ser redobrados com utensílios plásticos e esponjas de cozinha, posto que são mais porosos e podem reter os resíduos alimentares, entre eles o leite de vaca. Nos demais, basta realizar a higienização devida para serem reutilizados.
A criança com intolerância à lactose tem também APLV?
Essa situação pode acontecer, uma vez que a APLV pode apresentar uma alteração intestinal transitória, em função da diarréia, o que pode manifestar uma intolerância à lactose temporária. É preciso lembrar sempre que, em crianças, a APLV é mais comum que a intolerância à lactose.
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