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Exterogestação: qual a importância do pediatra durante este período?
jun. 21, 2022
Exterogestação: qual a importância do pediatra durante este período?

Autor:

Eludivila Especialização Pediátrica

Que a presença do pediatra é fundamental durante todo o desenvolvimento da criança todos nós já sabemos, porém temos que dar um destaque especial para o período entre o nascimento e o terceiro mês de vida. Esse período é considerado o quarto trimestre da gravidez e, por ocorrer fora do útero, é chamado de exterogestação.


É necessário que você, pediatra, esteja pronto para informar, orientar e acolher a família da melhor forma possível neste momento da vida do bebê e da família. Veremos neste artigo alguns pontos principais sobre essa fase tão importante.


A abordagem sobre exterogestação pode já começar na consulta de pré- natal pediátrico.

Durante a consulta de pré-natal, você pode explicar aos pais sobre a teoria da exterogestação e as mudanças pelas quais o bebê passa na transição do útero para o mundo externo, citando como isso vai influenciar em sua adaptação à vida nos primeiros três meses. Explicar as especificidades e desafios deste momento pode ajudar as famílias a lidarem melhor com esta fase.


Diferente de outras espécies, o ser humano não nasce completamente formado e algumas de nossas habilidades motoras e cognitivas se desenvolvem apenas com o passar do tempo. O impacto dessa transformação é ainda mais importante no primeiro trimestre após o nascimento.


Na fase inicial da vida do bebê, muitas funções serão desenvolvidas e ele terá que se adaptar aos processos que precisa enfrentar - o aprendizado com a amamentação, por exemplo, é um dos primeiros e grandes desafios que a dupla irá enfrentar. 


O nascimento é uma crise adaptativa

Quando nasce, o bebê deixa um ambiente controlado, que mantém uma temperatura regular e alimentação 24 horas por dia. Além disso, ele é exposto aos sons externos, por vezes frio, e deixa de ter a companhia da mãe durante todo o tempo.


A criança abandona sua zona de conforto e passa a experimentar várias sensações pela primeira vez: as modificações de temperatura, a mudança em sua alimentação, a chegada de cheiros e sons e a forma diferente como ela vai se relacionar com a mãe, já que sua presença não é mais a mesma.


Para a teoria da exterogestação, o bebê ainda acha e gostaria de estar no útero durante os primeiros meses. É comum que todas essas transformações causem estranhamento e até choro em meio à adaptação. É por isso também que ferramentas como os 5S's podem ajudar muito o bebê a se acalmar.


É importante compreender esse cenário para que os pais e a família sejam mais empáticos durante esse período, ajudando a criança a passar por esse processo de tantas mudanças.


Figura materna

Durante os três primeiros meses, a mãe e o bebê encontram dificuldade de se dissociarem e passam por um processo. Enquanto a genitora atravessa o puerpério, período em que seu corpo começa a voltar às condições pré-gestação, a criança segue totalmente dependente.


O bebê não consegue se diferenciar da mãe e existe uma relação de onipotência, em que suas necessidades são acolhidas imediatamente por ela. Ele ainda passa por angústias ligadas às novas vivências no mundo externo e ao fato de que não é capaz de sobreviver sozinho por não estar plenamente desenvolvido para tal.


O puerpério

Por sua vez, a genitora enfrenta o puerpério, que pode exceder os 45 dias determinados cientificamente para esse momento. Durante esse período, ela apresenta queda de hormônios, privação de sono, insegurança e vulnerabilidade.


É comum que o organismo sofra com as alterações repentinas de humor em função de fadiga, insônia e ansiedade. Esse processo é conhecido como baby blues e indica uma espécie de tristeza vivida pela mulher nos primeiros dias após o parto.


Durante a conversa com a família, cabe ao pediatra explicar o processo do puerpério, se atentar a essas manifestações e fazer o diagnóstico correto. Além do baby blues, a depressão pós-parto, quando a sensação de tristeza persiste por mais de duas semanas, também pode ocorrer.


A saúde mental da mãe é importante para o desenvolvimento do bebê. Durante o atendimento, o profissional deve estimular a consulta pós-parto da mulher com seu ginecologista. É comum que as genitoras foquem apenas nos bebês após o nascimento e o pediatra também pode cuidar da saúde da mamãe.


Figura paterna

A figura paternana vida do bebê é construída de forma diferente durante o processo da exterogestação. Ele tem uma outra maneira de se relacionar com a criança e cria sua primeira ligação através do toque e contato.


Assim como a mãe, o outro cuidador, durante o contato com o bebê, também é importante para a produção da ocitocina - e em taxas semelhantes. Fisiologicamente, a aproximação da figura paterna nos primeiros dias de vida estimula a formação do vínculo e incentiva que ela seja mais participativa nos cuidados com a criança.


É importante estimular uma participação mais efetiva deste outro cuidador durante os primeiros meses após o nascimento. Ele pode executar tarefas como dar banho, colocar para dormir e prestar toda assistência que a mãe necessitará neste momento.


O pediatra também deve incentivar sua presença nas consultas e avaliar se não há sinais de depressão paterna - que ocorre em 10% dos casos. Assim como as mães, os pais/segundos cuidadores também podem manifestar fragilidade e vulnerabilidade.


A importância da parceria entre o pediatra e a família

A parceria entre a família e o pediatra é essencial para o acompanhamento da evolução da criança. É importante oferecer um atendimento acolhedor e empático, sem julgamentos. Ouça o que os pais têm a dizer, entenda suas escolhas e demandas e apresente suas orientações e informações com base na realidade vivida pela família.


Durante a exterogestação, o médico também deve ter uma equipe de confiança para fazer o encaminhamento caso seja necessária uma assistência mais especializada. Conheça o trabalho de consultoras de amamentação, osteopatas, obstetras e mastologistas que podem ser parceiros do seu consultório.


Ainda que o curso de puericultura ofereça noções importantes das áreas citadas, um profissional qualificado e especializado no assunto deve ser contatado se for preciso. Nos primeiros meses, os problemas com a amamentação são os mais recorrentes e, caso você não seja especialista, pode indicar um outro profissional que atenda essa demanda.


O pediatra precisa ter um olhar mais integrado sobre as especificidades de cada família. Esses fatores não podem ser descartados, já que, em conjunto com questões patológicas, são de suma importância no desenvolvimento saudável do bebê.


É fundamental ter conhecimento sobre todos os fatores envolvendo a exterogestação para orientar os pais na transição da gravidez para a chegada do bebê em casa.


O amor precisa de tempo para acontecer

A partir de todas essas observações e das orientações seguras do pediatra, os pais terão uma perspectiva muito mais precisa e realista sobre a jornada de cuidado do bebê, acima de tudo nos primeiros 3 meses de vida.


Mais tarde, a partir do quarto mês, a criança estará mais adaptada ao ambiente externo e vai, aos poucos, se dissociar da mãe e adquirir novas habilidades, assim como maturidade para enfrentar os processos naturais do crescimento.


Ainda que os pais tenham buscado informações, feito leituras e cursos sobre a chegada de um recém-nascido, nada pode projetar a real perspectiva da convivência e dos cuidados necessários com o bebê, acima de tudo nos primeiros dias.


Dessa forma, cabe ao pediatra fazer um atendimento acolhedor e que busque instruir da forma mais esclarecedora possível. É importante orientar a família a trabalhar suas expectativas relacionadas ao nascimento, acima de tudo se notar uma idealização e romantismo exacerbados sobre maternidade/paternidade.


A especialização em puericultura

A especialização em puericultura da Eludivila é recomendada aos pediatras que atuam ou pretendem atuar em consultório para que possam prestar um atendimento diferenciado para  os pais durante os primeiros mil dias da família, incluindo aí a faseda exterogestação.


O intuito é buscar conceitos e aprendizados sobre pediatria que vão além dos adquiridos durante a residência. É importante ampliar seu olhar para a realidade da família atendida, otimizando o atendimento e transformando-o numa experiência mais integrada.


O objetivo da puericultura é acompanhar integralmente o crescimento do bebê, garantindo que ele se desenvolva de forma saudável. Assim, se ater apenas aos exames clínicos pode limitar a compreensão e até o diagnóstico precoce de alguns distúrbios que podem ser apresentados pela criança.


O pediatra também precisa ter habilidade para lidar com os pais e fornecer informações de qualidade e que sejam compatíveis à realidade vivida pela família, contribuindo para o crescimento saudável em todas as dimensões.


Quer saber mais sobre o tema e sua importância para o profissional da pediatria? Saiba mais sobre o assunto em nosso curso de Especialização em Puericultura. 


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