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Coto umbilical: afecções mais comuns e como orientar os pais sobre os cuidados
set. 28, 2022
Coto umbilical: afecções mais comuns e como orientar os pais sobre os cuidados

Autor:

Eludivila Especialização Pediátrica

Uma das dúvidas mais comuns entre as famílias são os cuidados com o coto umbilical, acima de tudo quando falamos em pais e mães de primeira viagem.

Entre o dia do nascimento e o da queda do coto, alguns cuidados são necessários e causam preocupação entre os pais e os cuidadores, sendo um assunto bastante frequente durante as consultas.

Neste artigo, traremos mais detalhes sobre o tema, explicando como você, pediatra, pode orientar os pais sobre o coto umbilical no consultório.


Entendendo o coto umbilical

Depois que o coto umbilical é seccionado, é iniciado um processo de trombose dos vasos do cordão. Isso ocorre com a contração e a retração dos tecidos adjacentes.


A partir daí, o coto começa a secar, e os leucócitos passam a migrar para essa região, fazendo a fagocitose dos tecidos desvitalizados e levando à queda do cordão depois de alguns dias.


Por que precisamos limpar o coto umbilical?

A colonização do bebê se dá poucas horas após o parto. As primeiras bactérias encontradas nos recém-nascidos são Staphylococcus aureus, Streptococci A e B e Gram negativos.


O coto umbilical é um tecido desvitalizado, o que o torna um meio de proliferação bastante propício para as bactérias. O cordão tem contato direto com a corrente sanguínea, o que faz com que qualquer alteração na região tenha um poder muito rápido de proliferação.


Por isso, a limpeza é um cuidado fundamental durante esse processo.


Leia também: O que o choro do bebê costuma nos dizer?


Qual a melhor forma de limpar o coto umbilical?

Existe uma grande discussão sobre qual seria a melhor estratégia para fazer a limpeza do cordão umbilical. O ideal é levar em consideração o ambiente em que a criança está inserida.


Nos últimos anos, a maternidade neonatal apresentou muitas melhorias, mas cerca de 3 milhões de bebês vão a óbito ainda nesse período. Aproximadamente ¼ dessas mortes ocorrem em razão de infecções bacterianas.


Como citamos anteriormente, o coto umbilical acaba se tornando uma grande porta de entrada para as bactérias causadoras dessas condições.


As taxas de infecção no período neonatal variam de acordo com os cuidados realizados durante o pré-natal, os hábitos culturais (como são realizados os cuidados com o cordão) e o local em que o parto foi realizado.


Recomendações da OMS

Essas alterações relacionadas ao local do nascimento estão diretamente refletidas nas taxas de incidência de onfalite, isto é,  infecção na pele e nos tecidos moles do umbigo.


Os países subdesenvolvidos apresentam índices muito mais altos de infecção do que as nações desenvolvidas. Por  isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) ressalta que os cuidados precisam ser diferentes.


Em locais em que há baixa taxa de mortalidade infantil, é indicada a limpeza do coto umbilical apenas com água e sabão e a secagem natural. Em países cujo índice é mais alto, é recomendado utilizar clorexidina.

Queda do cordão

As diferentes formas de limpeza do coto umbilical são relacionadas diretamente ao tempo médio de queda do cordão após o nascimento, que é de até três semanas,  mas pode variar.


Nos consultórios de pediatria, é comum encontrar pais preocupados com a demora. Por isso, é fundamental compreender que os cuidados têm impacto direto no processo e orientar as famílias a respeito disso.


Veja o tempo médio de queda do coto de acordo com a limpeza:


  • Limpeza com água e sabão: 4,2 dias
  • Utilizando clorexidina: 5,3 dias
  • Clorexidina várias vezes ao dia: 7,5 dias
  • Álcool 70%: de 12 a 19,6 dias


Para o pediatra, é muito importante compreender que as orientações relacionadas à limpeza do coto umbilical influenciarão no tempo de queda.


As quedas tardias podem estar associadas a imunodeficiências, a infecção local ou a anomalias, o que enfatiza a necessidade de avaliar cada caso. Em algumas situações, o excesso de higiene pode ser responsável pela demora da queda do cordão.


Possíveis afecções

Existem algumas alterações patológicas mais comuns relacionadas ao coto umbilical. São elas:

  • Onfalite


A onfalite é uma infecção do coto umbilical e dos tecidos adjacentes que se dá principalmente em recém-nascidos.


Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento da infecção, como o baixo peso do bebê, o trabalho prolongado de parto, a rotura de membranas por tempo prolongado, infecções maternas e a secção do cordão umbilical em local não estéril.


A taxa de mortalidade varia entre 7% e 15%, mas está associada a complicações relacionadas à condição.


  • Sangramento do coto umbilical


Em boa parte dos casos, o sangramento do coto umbilical surge em pequenas quantidades e cessa espontaneamente, muitas vezes causado por uma manipulação ou higiene excessiva.


Caso o sangramento seja persistente, em um alto volume, não cesse com medidas locais e esteja associado a outros sangramentos, a deficiência de vitamina K é a primeira suspeita, já que os recém-nascidos são um grupo de risco para essa condição.


 A deficiência de fator XIII e a hipofibrinogenemia também são possíveis causadoras.


  • Granuloma


O granuloma é uma das inflamações mais comuns relacionadas ao coto e aparece por causa do excesso de tecido remanescente na região umbilical. Trata-se de uma massa de 3 a 10 milímetros de diâmetro que atrapalha a cicatrização do cordão.


Geralmente, o tratamento é realizado com nitrato de prata bastão 75%. Essa aplicação deve ser feita 2 a 3 vezes por semana e ser realizada exclusivamente por um profissional de saúde, já que pode queimar a pele sã, se for aplicado erroneamente.


Existem outras formas de tratamento para o granuloma. Alguns estudos, no entanto, indicam que o propionato de clobetasol não é indicado para a utilização em recém-nascidos.


A importância de conhecer as patologias

É muito comum que nós, profissionais de pediatria, nos deparemos com casos de doenças e condições específicas entre nossos pacientes, algumas delas citadas neste artigo sobre o coto umbilical. Por isso, é imprescindível entender quando é necessário encaminhá-los a especialistas.


O universo da pediatria é muito amplo, o que nos faz entender a necessidade de nos aprofundarmos para prestar o melhor atendimento possível às famílias no consultório.


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