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Comportamento agressivo na infância: como orientar as famílias no consultório de pediatria?
jun. 05, 2023
Comportamento agressivo na infância: como orientar as famílias no consultório de pediatria?

Autor:

Eludivila Especialização Pediátrica

Se você é pediatra e atende em um consultório, é bem provável que já tenha se deparado com uma queixa dos pais ou cuidadores em pelo menos uma ocasião: a criança com comportamento agressivo. O que pode ser feito quando há uma situação desse tipo no dia a dia da família?


Esse assunto é bastante delicado, mas precisa ser discutido para que nós, como profissionais de pediatria, possamos prestar o suporte necessário e apoiar nossos pacientes e suas famílias durante as consultas de rotina.


Trataremos sobre esse assunto neste artigo especial da Eludivila.





Criança e comportamento agressivo, pais angustiados


A queixa de uma criança com comportamento agressivo pode chegar ao consultório independentemente da faixa etária. Esse é um tema que pode trazer bastante angústia para os pais, que se fazem a seguinte pergunta: onde é que estou errando na criação do meu filho?


De modo geral, no entanto, não são as escolhas e decisões das famílias as responsáveis por situações de agressividade. Essa é uma reação esperada e que alguns pequenos apresentam com mais frequência do que outros.


Normalmente, episódios do tipo são mais frequentes em momentos específicos da rotina diária, como quando a criança está com fome ou sono, quando passa por frustrações das mais diversas naturezas ou até mesmo nos momentos em que vive uma situação nova, que a tira de sua zona de conforto e a deixa insegura.


Violência x agressividade: qual a diferença?


Diferentemente do que algumas pessoas interpretam, há um abismo entre violência e agressividade. Quando falamos sobre crianças, o uso da palavra “violência” pode trazer um grande peso para uma situação que já é tão angustiante para a família.


Crianças não são violentas. Elas podem, sim, ser violentadas e sofrer violência, infelizmente, em algumas ocasiões. Em determinadas situações, e é desses episódios que tratamos neste artigo, os pequenos podem se tornar agressivos.


Violência representa o uso intencional de força, seja física ou psicológica, para ameaçar outras pessoas. Crianças não têm essa força, tampouco o aparato cognitivo neurológico necessário para apresentarem comportamentos violentos.


Quando tratamos dessas queixas dos pais sobre as crianças, o mais indicado é utilizar o termo agressividade, que não é pejorativo e é completamente real. As crianças podem, de fato, apresentar comportamentos agressivos.


O caminho da aceitação


Nós, todos nós, crescemos em uma sociedade que sempre condenou a raiva, muitas vezes com exemplos práticos na infância. Aprendemos a esconder nossos sentimentos, camuflá-los e fingir que não estamos sentindo — principalmente quando falamos sobre a raiva.


O que acreditamos ser mais adequado, no entanto, é trilhar o caminho oposto, da aceitação: compreender que ela, assim como outras emoções que entendemos como negativas, também faz parte da gama de sentimentos do ser humano.


Sentir raiva é legítimo, independentemente do motivo. O principal é saber lidar com esse sentimento. E aí mora a dificuldade dos pais: como ajudar o meu filho nesse processo?

Como apoiar os pais no consultório?


Durante uma consulta pediátrica, muitas vezes não é possível abordar todos os assuntos relacionados a uma criança agressiva. São muitos os acontecimentos na rotina de uma família. Vale a pena, entretanto, buscar criar uma reflexão nos pais.


  • Quando esse comportamento acontece com mais frequência? 
  • Quando um dos cuidadores sente mais dificuldade, qual será a diferença do comportamento tanto dos pais quanto da criança em relação a ele?
  • O que o comportamento agressivo da criança desperta nos cuidadores? Como foi a infância deles em relação a esse tema? Isso é um gatilho? 


Em muitas ocasiões, nós, como pediatras, não conseguimos nos aprofundar tanto em certas questões relacionadas à agressividade na infância, mas criar essa reflexão pode ser uma forma de dar suporte e incentivar o processo terapêutico dos cuidadores.


Também é importante tentar ajudá-los a compreender que qualquer pessoa tem sentimentos de raiva, o que diferencia a criança dos adultos é que nós temos mais consciência e facilidade para controlar essas emoções — e, vale destacar, muitas pessoas encontram dificuldade nisso e procuram ajuda, mesmo depois do amadurecimento.


E se a criança tentar bater nos pais?


Essa também é uma dúvida comum. O mais indicado é conter a criança, mas não com o uso da força: deixando claro qual é o papel do adulto nessa relação. Esse papel é o de manter a calma para que seja possível ajudar a criança a se acalmar e, aí sim, conversar.


Quando falamos de crianças menores, o tempo é precioso. Se o pequeno está tentando bater nos pais ou em qualquer outra pessoa, uma orientação importante é levá-la para um outro cômodo, na busca de afastá-la da raiva.


Quando sentimos raiva, muitas vezes é necessário "colocar essa raiva em movimento", então incentivar a extravasar a raiva de uma forma segura é uma ótima opção! Oferecer objetos que não ofereçam risco para ela ou para outras pessoas, como travesseiros e ursos de pelúcia, gritar em um potinho ou almofada, dar pulos, por exemplo, pode ser uma opção em momentos delicados.


É preciso mostrar para os pequenos que o problema não é o sentimento de raiva, mas a forma como colocamos essa emoção para fora.


Acompanhamento


É muito importante destacar para os pais que essa questão não será resolvida tão rapidamente, enquanto isso, o pediatra pode fazer um acompanhamento lado a lado da família.


Quando há um desgaste, muita angústia ou insegurança no tema ou os cuidadores começarem a conflitar,  pode ajudar bastante encaminhar para um especialista —  muitas vezes, inclusive, para a terapia de casal.

Quando os pais trazem essa queixa para o consultório de pediatria, é porque há uma angústia e uma preocupação. É necessário destacar que cada família tem suas particularidades e funciona de um jeito. O mais importante é que o profissional ofereça apoio, suporte e faça os encaminhamentos quando necessário.


Aprofunde-se nesse tema!


A agressividade na infância é um assunto delicado, mas que é tratado com frequência nos consultórios. Vale a pena aprofundar-se um pouco mais nesse tema e nas ferramentas que o pediatra pode utilizar para apoiar os pais e cuidadores.






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