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Capacitismo: como acolher as famílias e as pessoas com deficiência
abr. 27, 2023
Capacitismo: como acolher as famílias e as pessoas com deficiência

Autor:

Eludivila Especialização Pediátrica

O capacitismo está presente na sociedade em que vivemos, nem sempre de forma explícita. Desde a infância, pessoas com deficiência sofrem com o preconceito e cabe a nós, pediatras, oferecer suporte e apoio tanto para as crianças quanto para as famílias.


Esse é um assunto delicado, mas é urgente que seja debatido e conhecido. Neste artigo, vamos falar sobre esse tema e destacar como é possível manter uma prática clínica muito mais inclusiva na rotina do consultório pediátrico.


O que é capacitismo?


O capacitismo vem ganhando cada vez mais espaço nas mídias sociais, abrindo um leque para discussões. No entanto, para muitas pessoas, esse termo ainda não é familiar.


De forma geral, o capacitismo representa a discriminação da pessoa com deficiência, que, em decorrência disso, é considerada incapaz. Em nosso dia a dia, ainda nos deparamos com o uso de diversas expressões capacitistas.


É uma manifestação do preconceito contra as pessoas com deficiência quando alguém pressupõe que há um padrão corporal ideal e entende que, quando esse padrão não é seguido, as pessoas são inaptas para as atividades em comunidade.


É importante destacar, ainda, que o termo envolve deficiências não apenas físicas, mas também questões intelectuais e de desenvolvimento (que, inclusive, constam no Estatuto da Pessoa com Deficiência, cuja lei foi sancionada em 2015).



Leis: os direitos da pessoa com deficiência


Nossa profissão tem grande responsabilidade em informar e orientar adequadamente sobre o direito das pessoas com deficiência. Da mesma forma, quando há uma demora no processo de diagnóstico ou quando nós não conseguimos identificar os sinais de alerta, há um atraso para que esse indivíduo tenha acesso aos seus direitos, que são garantidos a partir do laudo médico.


A discussão sobre o capacitismo ainda é bastante recente e, em razão disso, não aparece especificamente nas normativas do Estatuto da Pessoa com Deficiência.


A Lei considera discriminação toda e qualquer forma de distinção, restrição ou exclusão com o propósito de prejudicar ou impedir os direitos e as liberdades fundamentais da pessoa com deficiência e assegura o direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas.


Para ler o Estatuto da Pessoa com Deficiência completo, clique aqui.


A importância do diagnóstico


O diagnóstico assertivo é fundamental para garantir o tratamento médico adequado à condição clínica existente, bem como para proporcionar ao indivíduo a sensação de pertencimento. Quando há um diagnóstico, um “nome”, o indivíduo pode ir em busca de seus pares, das pessoas que também passaram e passam pelo mesmo processo.


Por outro lado, quando o diagnóstico é realizado tardiamente, há um imenso impacto social negativo, seja nas relações familiares, seja no convívio em comunidade.


No caso específico do Transtorno do Espectro Autista, por exemplo, a média de idade de diagnóstico, no Brasil, é de 5 anos (considerado diagnóstico tardio). Sabendo-se dos benefícios da intervenção precoce (idealmente antes dos 2 anos de idade), quando antes a criança for exposta às terapias, mais recursos terá para se adaptar ao convívio familiar e social.


Estar atento ao diagnóstico precoce e correto de deficiências físicas, intelectuais e de desenvolvimento é dar a chance para que uma criança tenha protagonismo em sua própria vida!


Atuação clínica


Nós, pediatras, também temos responsabilidade sobre a forma como informamos todo o processo de diagnóstico para as famílias. É preciso entender e repassar para as famílias que a criança, independentemente de qualquer deficiência, é capaz de se desenvolver. Além do diagnóstico, a criança é um ser individual e plural!


Para que isso aconteça, no entanto, precisamos oferecer as ferramentas adequadas, incluindo o encaminhamento para especialistas, direcionando essa família e prestando o suporte necessário. Por isso, ter conhecimento desses diagnósticos contribui para uma prática clínica mais inclusiva.


Também é muito importante que o pediatra utilize os termos adequados durante os atendimentos com as famílias. Vivemos em uma sociedade que ainda é refém da cultura capacitista e, em muitas ocasiões, sequer notamos a utilização de determinadas expressões.


Um exemplo prático: quantas vezes você já viu uma criança com deficiência ser chamada de “especial”? Todas as crianças são especiais e esse tratamento pode proporcionar aos pequenos uma carga emocional muito grande.


A nossa atuação clínica pode auxiliar e minimizar impactos negativos que a utilização desses termos pode trazer para a vida de uma pessoa com deficiência. Transparência e honestidade são palavras-chave nesse atendimento.


Termos: o que podemos trocar no dia a dia?


Existem muitos termos capacitistas amplamente utilizados na sociedade. “Criança especial”, “pessoa com necessidades especiais”, “portador de deficiência” e “deficiente” são alguns exemplos.


O termo adequado é “pessoa com deficiência”. Entre os exemplos de termos que podemos substituir em nossa rotina, seja dentro ou fora do consultório de pediatria, estão:

Este texto foi revisado por Érika Moraes, pediatra geral da Equipe Eludicar e Eludivila, com especialização em Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento.


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