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Desafios da clínica médica pediátrica: encontramos alguns, e você?
26 de agosto de 2020
Desafios da clínica médica pediátrica: encontramos alguns, e você?

Autor:

Isabela Moreira Forni

Este é o primeiro artigo que vamos lançar no blog da Eludivila, mas gostaríamos que cada um de vocês que nos leem percebesse nossos artigos como uma longa conversa sobre a clínica médica pediátrica. Assim, fiquem à vontade para comentá-los, dar suas contribuições e compartilhar com colegas da prática, combinado?


Então, vamos lá!


Neste artigo, nós vamos introduzir alguns dos muitos desafios que encontramos logo no início das nossas carreiras médicas e que, inclusive, nos orientaram na busca por conhecimentos fora da academia. São desafios pouco comentados, mas que persistem no dia a dia de um recém-formado ou residente que inaugura sua clínica médica pediátrica.


Afinal, vamos convir: o médico é um cientista em sua formação, mas, na clínica, ele é convocado por pais e crianças a extrapolarem suas técnicas para uma conexão menos técnica e mais humana. Os desafios que elencamos aqui não são universais, mas é possível que você se identifique com um (ou vários) deles. Confira!


1- Ir da formação técnico-científico para uma formação humanizada


O saber especializado é necessário e indiscutível. Mas é inegável o quanto a nossa formação médica pouco nos prepara para uma relação afetiva e efetiva com o paciente.


Exatamente por isso, nós - especializados nesse saber científico da medicina - sabemos medir a temperatura da criança que chega ao consultório, identificar um quadro clínico ou receitar medicamentos para os pais seguirem meticulosamente no tratamento da doença da criança. Mas pouco somos preparados para entender as peculiaridades do universo infantil ou sequer as pressões psicológicas que uma mãe ou pai de primeira viagem vivenciam.


Percebemos, no entanto, que muitos pais (ou outros responsáveis) chegam ao consultório pediátrico em busca de um acolhimento para a própria inexperiência. Eles querem ter a certeza que não estão errando na saúde e, principalmente, no desenvolvimento da sua criança.


Por isso, são comuns dúvidas sobre o sono, sobre a alimentação e até mesmo sobre a famosa “birra” infantil. Para lidar com essas situações, é necessário que o pediatra tenha bastante trato e se aprofunde no universo infantil para garantir a tranquilidade da mãe, do pai, padrinhos, avós etc.


2- Criar vínculo entre profissional e família


O desafio anterior está diretamente ligado a este, pois, o momento de criação de um novo indivíduo na família exige a formação de “aldeia”.


Isso não está inscrito na formação do profissional, mas é demandado cotidianamente na clínica médica pediátrica. A família não deseja um médico, ela deseja alguém que a escute ativamente e, porventura, a certifique sobre a saúde da criança e adolescente.


Pode parecer exaustivo - e o é, mas o pediatra é um personagem que tende a permanecer no seio da família por muitos anos, pois é o responsável pelo acompanhamento do crescimento do novo indivíduo.


Logo, nada mais oportuno que um vínculo de confiança seja instaurado. Além disso, o vínculo facilita que o pediatra entenda especificidades daquela família que influenciam diretamente no desenvolvimento da criança

3- Criar vínculo entre profissional e criança em um modelo tradicional tanto de espaço físico quanto de tempo


Por incrível que pareça, o espaço físico do consultório médico é sim um desafio para a clínica médica pediátrica. É preciso ter atenção na formatação dele, pois, crianças têm necessidades diferentes de um indivíduo adulto. E, em função disso, o investimento para a estrutura pode ser mais onerosa do que a de um consultório médico convencional.


Outro aspecto da clínica médica pediátrica que foge do tradicional é o tempo de duração da consulta. Vamos lembrar que, em nossa clínica, nós conjugamos as necessidades de responsáveis e as necessidades de crianças. Essas, por vezes, não sabem definir o que sentem ou qual problema possuem. Logo, é desafio para o pediatra lidar com tempos curtos ou padrões de consulta.


4- A linguagem da própria criança que, por vezes, também não entende ou não sabe falar muito bem sobre o que está sentindo


A linguagem possui função intermediadora, mas ela pode ser desafiadora caso o pediatra não saiba reconhecer as formas como a criança se expressa e se comunica em diferentes fases do seu desenvolvimento. Isso pode levar o profissional a uma saída bastante perigosa: a de “consultar o responsável” que tem seu respectivo sofrimento, esquecendo-se que a criança é sujeito dono do seu próprio sintoma.


Por isso, o profissional precisa buscar e estudar ferramentas que o auxiliem na comunicação com a criança, durante a triagem e o diagnóstico adequado de doenças comuns, assim como na identificação de desvios no desenvolvimento normal.


5- Ansiedade e demanda de comunicação síncrona (disponibilidade do pediatra por WhatsApp, e-mail, all time)


A ansiedade por respostas rápidas e prontas dos médicos é característica de pais de primeira viagem, mas não se restringe a eles. Em geral, os pais têm seus próprios ideais de desenvolvimento que pode fugir do que a criança “oferece”. Isso os coloca em alerta o tempo todo, pressupondo constantemente alguma anormalidade, e levando-os a recorrer a quem eles acreditam ser o dono da resposta: o médico, cuja disponibilidade precisa ser 24/7.


Desde dúvidas sobre o que fazer diante de uma queda da criança do sofá ao retorno das aulas durante a pandemia, é para o pediatra que o pai irá recorrer via e-mail, SMS, WhatsApp, Skype, direct de rede social e por telefonemas.


6- Trabalho solitário no consultório


Já deu para perceber até aqui que todos os desafios da clínica médica pediátrica estão interligados de alguma forma?


Este desafio reverbera em vários outros e a sua posição nesta humilde lista não significa que ele seja menos importante. Pelo contrário: para o residente, recém-formado e até para quem é experiente na pediatria, o trabalho do consultório é solitário. Pois, ele não conta com outros profissionais especializados trabalhando em conjunto em prol da criança, a não ser que o seu trabalho seja alocado em uma clínica multidisciplinar ou em um hospital.


7- Pais munidos de todo tipo de informação


Quantas vezes você já atendeu uma criança cujos pais tinham um pré-diagnóstico em mãos e até sugestão de tratamento? “Sempre”, você pode responder. Afinal, sempre houve um vizinho ou um tio que desse palpite sobre o cuidado de uma criança.


Mas a verdade é que o volume de informação na internet traz para a nossa clínica médica pediátrica mais do que palpites. Os responsáveis pelas crianças leem livros, assistem vídeos no YouTube, salvam publicações no Instagram, compartilham em grupos no Facebook e leem teses no Scielo.


Em parte, esse movimento é essencial na parceria família-médico, pois, nós médicos não somos os únicos responsáveis pela saúde da criança. Mas, sem o devido amparo, pode resultar em pais excessivos em seus cuidados e, ainda, voltados apenas para doenças. Além disso, o baixo critério sobre as informações adquiridas pode torná-los reféns de orientações perigosas para o bem-estar da criança.


8- Novos arranjos familiares


As novas configurações familiares - pais separados, mães solos, vós paternando, padrinhos deixando de ser agregados etc - têm revelado novas funções no cuidado da criança que, antes, era destinado a um núcleo bastante tradicional - pai e mãe, com presença maior da mãe.


Sabendo que a família é central no desenvolvimento do sujeito, é desafio para o pediatra entender quais implicações (disputas, ausências, vulnerabilidades, negligências etc) esses novos arranjos trazem consigo e como desenvolver um trabalho junto à criança independente de quem seja a família, sem também exercer função materna e paterna.


Curtiu o nosso artigo? Queremos agora te convidar a entender como superar os desafios que trouxemos aqui. Leia este artigo. E aproveite para se inscrever em nossa newsletter para receber artigos como este em seu e-mail. Até mais! :)


Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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